Arquivo mensal: março 2019

[RESENHA] Devoção – Patti Smith

 

Para cumprir o item (4) do DESAFIO DO QUE TEMOS LIDO 2019, um livro que tenha sido escrito por um músico, o escolhido foi Devoção, da musa Patti Smith, cujos livros biográficos Só Garotos Trem M já tinham conquistado a mim e a muitos outros leitores.

Misturando conto, reflexão e seu próprio processo criativo, em Devoção Patti Smith pega o leitor pela mão e o guia por um caminho muito particular. Pois, em leves 126 páginas, aprendemos muito sobre o processo criativo da Patti Smith-escritora, e nos aproximamos ainda mais da Patti Smith-pessoa-de-verdade.

Confesso, entretanto, que embora tenha sido uma leitura interessante, está longe de ser minha favorita da autora. Talvez pelo seu formato e brevidade, aqui não vemos a mesma intensidade de Só Garotos ou a mesma profundidade de Trem M.

Ainda assim, foi uma escolha interessante, especialmente para os fãs do trabalho da Patti Smith, seja como cantora, seja como escritora. É uma leitura gostosa, que faz bem e é um ótimo ponto de partida para quem ainda não leu nada da autora.

[RESENHA] As Extraordinárias Cores do Amanhã – Emily X. R. Pan

 

No mesmo dia que beija Axel, seu melhor amigo, Leigh chega em casa e descobre que sua mãe cometeu suicídio. Ela acredita, entretanto, que sua mãe virou um pássaro e, em meio a sonhos realistas e a fatos inexplicáveis, seu processo de luto e de tentar compreender sua mãe vai sendo conduzido de forma bela, intensa e poética.

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[RESENHA] Mais do que palavras podem dizer – Brigid Kemmerer

Envio do mês de janeiro da caixinha literária Turista Literário, a leitura de Mais do que palavras podem dizer veio muito bem acompanhada:

(1) Cereais de fruta, os favoritos do personagem Rev, embora não os meus (chegaram a me deixar enjoada por serem doces demais – e olha que eu sou bem formiguinha);

(2) Bowl de cereais, com diversos elementos importantes na história, e que está sendo super útil;

(3) Duo de sabonetes em formato de Lego com dois cheirinhos maravilhosos (e importantes para a história);

(4) Um lindo (e útil) calendário permanente com a representação de um dos encontros de Rev e Emma.

Funcionando como uma espécie de Spin-Off de Aos Perdidos, Com Amor, mas que pode ser lido de forma independente (eu mesma não li o primeiro antes de fazer essa leitura), reencontramos um personagem secundário do primeiro, Rev Fletcher, e uma nova personagem, Emma Blue.

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[Volta aos livros em 80 mundos #29: Holanda] No Mar – Toine Heijmans

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Eu comprei esse livro originalmente sem muitas expectativas, confiando na qualidade dos livros da finada CosacNaify apenas, e que bela surpresa que ele foi! Como livro do projeto de Volta aos livros em 80 mundos ele é um pouco diferente do padrão, pois, apesar de escrito por um holandês e protagonizado por um personagem holandês, ele não se passa propriamente na Holanda e, sim, em alto mar.

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[RESENHA] Terra das Mulheres – Charlotte Perkins Gilman

Como seria se existisse um lugar, isolado do nosso mundo, habitado exclusivamente por mulheres, que não precisam e não conhecem a presença de homens para nada, inclusive para reprodução? Essa é a premissa de Terra das Mulheres, publicado em 1915 pela Charlotte Perkins Gilman, a celebrada autora de O Papel de Parede Amarelo

O livro, entretanto, não é contado da perspectiva dessas mulheres, mas sim de um homem que, junto com dois colegas exploradores, descobre a lenda de que existiria um local assim e acaba conseguindo, de fato, encontrá-lo.

Nos vemos, assim, diante de três personagens masculinos que chegam a esta terra cheio de noções pré-concebidas, totalmente contaminadas pelo machismo e pelos costumes da época (é preciso lembrar o momento histórico em que o livro foi escrito e publicado).

Embora seja uma constante fonte de irritação, acaba sendo muito interessante ter essa história contada pelo ponto de vista deles, pois vamos poder observar como o machismo tóxico dos personagens, cada um a seu modo, vai sendo confrontado ponto a ponto pela realidade que eles encontram.

As mulheres que eles encontram não são frágeis, submissas ou fúteis, como eles esperam. São mulheres fortes, inteligentes, determinadas e que sabem muito bem o que querem.

Não é à toa, afinal, que este livro foi uma das grandes inspirações para a construção da história de origem da Mulher-Maravilha!

O problema, porém, é que o livro acaba rompendo apenas uma parte das barreiras machistas de sua época e nos apresenta mulheres, até o aparecimento dos três personagens, completamente assexuadas (como se não fosse possível imaginar uma sociedade composta de mulheres lésbicas) e sem muita diversidade entre si.

Essas mulheres são incríveis e compõe uma sociedade muito interessante, que toca em pontos como o veganismo, o feminismo, a educação e a escolha entre ter ou não filhos de um modo que nós não esperamos ver em um livro do início do século XX. Mas não podemos dizer que a abordagem de Gilman foi perfeita.

Ainda há muito a ser repensado e melhorado a partir dessa obra, mas é exatamente por isso que considero importantíssimo lê-la e relê-la; ela nos provoca. Mesmo nas suas falhas, ela nos leva a reflexões e discussões extremamente pertinentes, fazendo deste um daqueles livros essenciais na biblioteca de qualquer um.

[RESENHA] Um Casamento Americano – Tayari Jones

Roy é um homem negro recém casado com a artista Celestial e, enquanto revisita a cidade onde foi criado e conta histórias de seu passado para sua esposa, acaba sendo envolvido em uma situação inesperada e acaba acusado de um crime que não cometeu.

Tendo a seu lado apenas a garantia de Celestial, que passou a noite inteira a seu lado, é injustamente condenado a 12 anos de cadeia, como tantos outros homens negros antes (e depois) dele. Uma grande parte desses anos se passam e com isso a conexão dele com o mundo fora dos muros da prisão inevitavelmente se transforma.

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