Arquivo da tag: “Infantil”

[RESENHA] The Secret Garden – Frances Hodgson Burnett

Publicado originalmente em 1911, O Jardim Secreto, ou The Secret Garden, é uma daquelas obras que, depois de sua adaptação para o cinema, em 1993, muita gente passou a conhecer apenas o filme, sem saber que ele era originalmente um livro. Esse foi, pelo menos, o meu caso, que depois de uma infância apaixonada pelo filme, só recentemente fui descobrir a existência do livro.

Assim, já comecei essa leitura cheia de expectativas. Pois, mesmo não lembrando mais de detalhes da trama, a imagem do Jardim Secreto ficara gravada profundamente no meu coração, e não fazia ideia se o livro, ainda mais lendo no original, faria jus ou não ao carinho que nutria pelo filme. SPOILER ALERT: Eu me apaixonei mais ainda por essa história depois de ler o livro.

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Peter Pan, de J. M. Barrie + Tiger Lily, de Jodi Lynn Anderson – Um clássico infantil e seu reconto jovem adulto

É difícil encontrar alguém que não tenha tido contato com alguma versão de Peter Pan ao longo de sua infância, principalmente dos anos 1950 para cá, graças à adaptação da Disney e a uma série de outras versões que a seguiram. Porém, são poucos os que conhecem a obra original de J. M. Barrie. Eu mesma, até me deparar com esta linda edição de bolso da Editora Zahar, publicada em 2014, desconhecia sua origem literária.

Mesmo que haja uma ou outra mudança, principalmente na forma como o final é construído, a adaptação da Disney é relativamente fiel ao livro e o fã de Peter Pan encontrará em sua versão original exatamente o que espera: a história das aventuras de Peter e os meninos perdidos, a partir da visita de Wendy, João e Miguel à Terra do Nunca. Visitamos novamente o mundo mágico da Terra do Nunca, onde piratas, sereias e fadas disputam espaço com índios e meninos que não crescem mais.

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[RESENHA] Holy Cow – David Duchovny

“Não sei quem é meu público exatamente. Quero que todo mundo ouça essa história, mas minha editora diz que os seres humanos adultos podem não levar a sério um animal que fala”.

Em um estilo bem A Fuga das Galinhas, David Duchovny nos apresenta, no infanto-juvenil Holy Cow – Uma Fábula Animal, Elsie Bovary, uma vaca muito divertida que um dia, por acaso, acaba descobrindo que o seu destino, e o de todas as suas amigas e familiares, é não só ter seu leite explorado mas também, em um futuro próximo, ser abatida e virar um pedaço de carne na mesa de um humano. O choque é tão grande que ela acaba desmaiando.

“Seres humanos comem qualquer coisa se um salzinho e uma manteiguinha forem acrescentados à coisa. E manteiga é feita do nosso leite. Isso me faz sentir estranhamente cúmplice e culpada”.

Uma vez recuperada do choque, Elsie não se conforma com seu destino e começa a elaborar um complicado plano para fugir da fazenda e se salvar. O que impediria de outra pessoa qualquer abatê-la? A resposta de Elsie é simples: bastaria pegar um avião para a Índia, onde as vacas são sagradas e ela poderia viver uma vida de rainha. E Elsie não é a única a descobrir um lugar onde seria seguro para ela; Shalom, o porco, que buscará refúgio em Israel, e Tom Turquia, que irá em busca do país que lhe dá nome, se unirão a ela nessa jornada.

Como um bom infanto-juvenil, precisamos suspender qualquer juízo sobre a probabilidade de algo como uma vaca, um porco e um peru conseguirem se passar por seres humanos e embarcarem em um avião com sucesso para aproveitarmos a leitura de Holy Cow. Mas, passada essa desconfiança inicial, o que temos aqui é uma leitura muito divertida, claro, mas também bastante crítica, pois Elsie constantemente fala diretamente conosco, humanos, apontando o dedo na ferida com firmeza.

“Tudo que vocês, humanos, fazem é pegar, pegar, pegar da Terra e de suas criaturas magníficas, e o que dão em troca? Nada. Sei que os humanos consideram um insulto grave ser chamados de animais. Bem, eu nunca daria a um humano a honra de ser chamado de animal porque os animais podem até matar para viver mas não vivem para matar. Os humanos vão precisar reconquistar o direito de serem chamados de animais”.

Acho, inclusive, que o autor poderia até ter ido mais longe no aspecto crítico da obra, principalmente no que tange a resolução final. Mas o que ganha mesmo destaque é a voz de Elsie que, para mim, consegue ser divertida, original e ainda encaixa uns bons tapas na cara. Acaba sendo um livro ótimo não só para quem está nessa faixa etária, mas também para quem curte uma leitura leve, engraçada e um pouco surreal.

Temos o que vocês, pessoas, chamam de ‘tradição oral’. Histórias e ensinamentos são passados de mãe vaca para filha bezerra, e de geração em geração. Do mesmo jeito que vocês receberam sua Odisseias e suas Ilíadas. Por meio de trovas até. Foi mal por bombardear você com esses nomes difíceis. Homero. Bum. Pode deixar que eu espero enquanto você pega essa”.

[Book Tag] Quadribol Book Tag

Eu vi essa Tag no IG do BlogParenteses, e ela foi criada pelo Mark e pelo Caleb . Eu nem fui marcada, mas gostei tanto que resolvi fazer mesmo assim 🙂 Espero que vocês gostem!

  1. Goles: autor(a) que acertou em cheio e criou um ótimo livro – Como vocês puderem perceber na minha resenha, eu achei que João Ubaldo Ribeiro acertou em cheio com o que ele quis criar em Viva o Povo Brasileiro. É um livro impressionante e que mexe demais com nossas certezas, bem do jeito que eu gosto.IMG_1777.JPG
  2. Balaço: Livro que te persegue, já foi indicado por várias pessoas (olha a hype!), mas você ainda não leu – Já não é de hoje que toda uma comunidade de Booktubers, blogueiros e IGs estão falando de Aristóteles e Dante e o segredo do universo, e eu finalmente comprei! Estou curiosíssima para ler, então deve entrar na TBR de Abril. Depois eu volto aqui para fazer resenha dele!IMG_1796.JPG
  3. Pomo de Ouro: livro que foi difícil de adquirir / ler, mas todo trabalho e espera valeu a pena – Para esse item eu não podia escolher outro que não Swing Time que amei de paixão, mas, por essas confusões Correios + Book Depository, era para ser meu presente de Natal de mamãe e acabou chegando em minhas mãos apenas em Fevereiro! Mas valeu muito a pena! Ainda mais porque é uma edição capa dura arrazadora, dá uma olhada:IMG_1776
  4. Goleiro: personagem com grande estabilidade emocional (que segura os forninhos da vida) – Não tem ninguém que segure um forninho melhor do que a Sailor Mercury, ou melhor, a Ami Mizuno. Quando crescer quero ser uma corvinal perfeita que nem ela!IMG_1793.JPG
  5. Artilheiro: melhor protagonista de um livro / mangá / quadrinho – Escolher o melhor protagonista, entre tantos maravilhosos, é como escolher qual filho você ama mais. No entanto, um dos protagonistas que mais me encantou nos últimos tempos foi Thomas, protagonista de O homem que caiu na terra, brilhantemente personificado por Bowie na versão do filme de mesmo nome.IMG_1783.JPG
  6. Batedor: personagem que protege os amigos – É impossível não lembrar de Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley nessa categoria. Mas, como já estamos na Quadribol Book Tag, achei que ia ser repetitivo escolher Harry Potter e escolhi o lindíssimo O pequeno príncipe, onde o tema da amizade também aparece com destaque.IMG_1791.JPG
  7. Apanhador: personagem que nunca desiste de seus objetivos, independente das circunstâncias –  É difícil achar personagens mais determinados, mesmo diante das situações absurdas que são colocadas diante deles, que os personagens das histórias de Franz Kafka. E em O castelo, seu romance inacabado, não é diferente. IMG_1785.JPG

Quais outras Tags vocês gostariam de ver aqui no Blog? Digam nos comentários que já estou louca para fazer outra!

 

 

LIVRO Vs FILME : Sete Minutos Depois da Meia-noite – Patrick Ness

Perda. Culpa. Invisibilidade social. Bullying. Frustração. Abandono. Todos esses sentimentos vem a tona, com força, em Sete Minutos Depois de Meia-Noite. Tecnicamente um livro infanto-juvenil, não sei se recomendaria este livro para qualquer criança nesta faixa etária. Pois este é uma daquelas obras que usa uma criança, à beira da adolescência, para falar de sensações e assuntos pertinentes a todas as gerações, mesmo porque todos nós já tivemos, em algum momento, a idade de Connor e, se não vivemos exatamente o que ele vive naquele momento, vivemos algo parecido, mesmo que posteriormente.

O bonito de Sete Minutos Depois de Meia-Noite (também conhecido como a tradução brasileira inexplicável para o filme e livro “A Monster Calls” – literalmente, O Chamado do Monstro) é que o “monstro” e as histórias que ele vai contando a Connor vão além de uma relação direta com o que ele está vivendo, embora sem dúvida este seja um aspecto crucial da narrativa. Elas vão construindo, palavra por palavra, diversas camadas de interpretação que acabam por se inter-relacionar, o que leva o leitor mais atento a uma série de reflexões que vão muito além de suas meras 160 páginas.

O filme é uma excelente adaptação e vale muita a pena ser visto, tendo, ou não, lendo o livro. Mas, é claro, não é 100% fiel. Uma série de modificações são feitas, personagens são tiradas de cena por inteiro, em nome de um foco maior na relação familiar de Connor. O que, na minha opinião, não chega a ser especialmente problemático, embora faça com que o foco dramático seja mais centrado e, portanto, não dê tanta abertura para estas outras camadas que o modo como o livro é narrado permite.

Sete Minutos para Meia-noite é, afinal, um daqueles casos em que temos diante de nós uma história aparentemente simples mas que, se soubermos ler / ver nas entrelinhas, tem muito mais a nos oferecer do que pode parecer a princípio. O livro e o filme são, evidentemente, obras diferentes, cada uma com seus méritos, sendo as duas, desse modo, excelentes apostas.

O Pequeno Príncipe – Antoine de Saint-Exupéry

pequeno principeOk, chegou o momento de confessar: nunca tinha lido O Pequeno Príncipe. Podem julgar. Mas, depois de ver o filme lançado recentemente (sim, vi o filme antes de ler o livro, podem me julgar novamente), resolvi tomar vergonha na cara e ler. E como é lindo!

É um livro realmente delicioso e que merece ser lido por todos em todas as idades, não é nada “infantil”, apesar do que parece ser. Essa edição que eu tenho é especialmente interessante pois conta com todos os desenhos originais, é bem próxima da edição americana original, e ainda tem a tradução do lindíssimo Ferreira Gullar.

Só lamento não ter lido antes. Não digo quando era criança, porque acho que é um livro que fala dos problemas de se ficar muito “adulto” e que, portanto, ressoa muito melhor com os adultos propriamente do que com as crianças.

No entanto, acho que é um livro essencial para se ler quando adolescente ou quando você começa a entender e sofrer com perdas, seja por distanciamento ou por morte. No meu caso, as duas coisas aconteceram ao mesmo tempo e hoje vejo que esse livro poderia ter me ajudado muito naquele momento.

De qualquer forma, é uma obra preciosa, que merece ser lida e relida diversas vezes ao longo da vida e que a cada vez nos dá uma luz nova. É um história positiva, otimista e que busca trazer em nós, adultos, a esperança de que não precisamos abandonar totalmente o nosso lado criança. Muito pelo contrário. Se quiser sobreviver a esse mundo louco, devemos cada vez mais resgatar nosso lado criança.